Argumento Perdido
Mas daí, você foge do racional,
Abandona o juízo, rejeita o ideal.
Trai o bom senso, nega a clareza,
E abraça o delírio com leveza.
De costas viradas pra argumentação,
Silencia a lógica, cala a razão.
Rompe os laços com a lucidez,
E veste a teimosia outra vez.
Se esconde nas névoas da crença vazia,
Onde reina a dúvida travestida de guia.
Dança com a incoerência, sorrindo,
Enquanto a verdade vai se diluindo.
Se aconchega na doce ilusão,
De mãos dadas com o devaneio em vão.
Escolhe o absurdo como conselheiro,
E torna o caos seu fiel escudeiro.
E por fim, sem pudor ou lamento,
É cúmplice do falso argumento.
Desfaz-se da razão, sem despedida…
E assim naufraga, sem luz, na própria vida.