Este texto é uma parte do Resumo do Capítulo 4 do Guia da Certificação CP3P-P. Para conferir todas as partes do Capítulo 4 clique aqui.

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Atenção: Esta é uma adaptação de um trabalho original do ADB, BERD, BID, IsDB e WBG. As opiniões e opiniões expressas na adaptação são de responsabilidade exclusiva do autor da adaptação e não são endossadas pelas organizações acima. Se você desejar acessar todos os capítulos do guia original, clique nesse link aqui.

ADB, EBRD, IDB, IsDB, and WBG. 2016. The APMG Public-Private Partnership (PPP) Certification Guide. Washington, DC: World Bank Group. License: Creative Commons Attribution CC BY 3.0 IGO

8 Avaliação da Viabilidade Comercial – Assessing Commercial Feasibility

Do ponto de vista financeiro, um projeto ou contrato é viável quando suas receitas são suficientes para cobrir:

A avaliação da viabilidade comercial também depende do regime de receitas considerado, conforme detalhado a seguir:

8.1 Medindo a Viabilidade Comercial – Measuring Commercial Feasibility

A viabilidade comercial pode ser avaliada por duas perspectivas:

8.1.1 A perspectiva dos Financiadores (Bancabilidade) – The Lenders’ Perspective (bankability)

A principal preocupação dos financiadores é se o tomador será capaz de pagar seus débitos nas datas acordadas. Para isso, os financiadores avaliam:

Este último, a capacidade de gerar caixa em relação ao serviço da dívida, costuma considerar os seguintes índices:

Projetos que não possuem receitas tão uniformes ao longo do período da dívida, podem ter seus financiamentos personalizados (Debt Sculpting) para permitirem montantes mais altos de empréstimo sem violar o ICSD.

8.1.2 A perspectiva dos Investidores – The Investors’ Perspective

Além de satisfazer as necessidades dos financiadores, o projeto precisa ser capaz de remunerar adequadamente os investidores, conforme as condições de mercado.

As principais formas de avaliar a viabilidade comercial pela perspectiva do investidor são:

As duas técnicas partem da premissa de que o projeto deve remunerar o capital do acionista em condições iguais ou melhores que outras opções de investimentos com o risco ajustado.

Em ambas abordagens também é utilizado o fluxo de caixa dos investidores para avaliação da viabilidade comercial, e não o fluxo de caixa do projeto.

Valor Presente Líquido (VPL) do fluxo de caixa descontado do investidor

O VPL representa o valor gerado pelo projeto acima do retorno esperado, este último representado pela taxa de desconto.

Por exemplo, se um projeto possuir VPL acima de zero e sua taxa de desconto for de 8% (digamos que esta seja a taxa esperada pelo investidor), isso significa que o retorno do projeto é superior a 8%.

Em outras palavras, além dos 8% esperados pelo investidor, o projeto ainda é superavitário, ou seja, “sobra” remuneração do capital próprio, portanto ele é viável comercialmente sob a perspectiva do investidor.

Taxa Interna de Retorno (TIR) do fluxo de caixa descontado do investidor

Essa abordagem é muito semelhante a anterior. A principal diferença é que será considerado VPL sempre igual a zero.

Dessa forma, se no caso anterior tínhamos um VPL positivo com taxa de desconto igual a 8%, na abordagem do cálculo da TIR, esta alcançará valor superior a 8%.

Essa é apenas uma outra forma matemática para demonstrar que o projeto remunera o capital do investidor acima da taxa esperada.

Taxa de remuneração do capital do investidor

Em ambas as técnicas apresentadas é necessário estimar a taxa mínima de remuneração do capital do investidor para alcançar a viabilidade comercial.

Na estimativa deste custo de capital próprio os seguintes fatores são relevantes para cada projeto:

Algumas abordagens possíveis para definição do custo de capital próprio:

Capital Asset Pricing Model (CAPM)

Esse modelo considera o custo do capital próprio com base em uma abordagem que utiliza dados de companhias de capital aberto.

Em resumo a abordagem por meio do CAPM define que o custo de capital próprio é igual ao retorno livre de risco mais um prêmio de risco.

Dessa forma, a equação de cálculo do CAPM fica nesse formato:

𝐾𝑒=𝑅𝑓+𝛽𝑥(𝑅𝑚𝑅𝑓)

Onde:
Ke = Custo do capital próprio
Rf = Taxa livre de risco
𝛽 = Volatilidade da empresa analisada em relação ao mercado
Rm = Retorno de mercado

Além do VPL maior que zero ou a TIR acima do custo de capital próprio esperado, existem outros aspectos que podem ser considerados pelo investidor em sua tomada de decisão:

A avaliação desses aspectos relatados neste item são fundamentais para verificar a viabilidade comercial do projeto, ou seja, encará-lo com os olhos do investidor.

8.2 Avaliação da Viabilidade Comercial em PPPs com Pagamentos dos Usuários – Assessing Commercial Feasibility in User-Pays PPPs

Essa avaliação basicamente verifica se as receitas geradas pela cobrança dos usuários são suficientes para cobrir custos e despesas.

Esse exercício deve considerar diferentes cenários de preços, exceto se o valor for fixo por questões regulatórias.

De maneira geral, existem 3 possibilidades de resultados:

No caso de inviabilidade existem algumas alternativas, tais como:

8.3 Avaliação da Viabilidade Comercial em PPPs com Pagamentos do Governo – Assessing Commercial Feasibility in Government-Pays PPPs

Nesse caso temos uma análise mais simples. Basicamente as receitas do modelo financeiro são definidas em um nível suficiente para alcançar as necessidades dos investidores e financiadores.

Poderão ser considerados diferentes regimes de pagamento para garantir a cobertura da dívida.

Na sequência, esse valor que alcança a viabilidade comercial deve ser testado se cabe como um novo compromisso fiscal a ser assumido pelo governo.

8.4 Objetivos a serem alcançados na Avaliação de Viabildiade Comercial – Outputs of the Commercial Feasibility Assessment

Durante a avaliação da viabilidade comercial deve-se verificar se os seguintes objetivos e resultados foram alcançados/mensurados, conforme o regime de receitas:

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