Afinal, o que exatamente os conservadores estão conservando?
O termo “conservador” vem do desejo de conservar algo – valores, tradições ou instituições. No entanto, o que realmente está sendo preservado pelo conservadorismo moderno? Para muitos, especialmente os que se posicionam em um centro moderado, com foco no desenvolvimento econômico sustentável, essa pergunta levanta dúvidas. É importante questionar quais são as prioridades de conservação dos conservadores e se elas realmente refletem um compromisso com o desenvolvimento sustentável, a pluralidade democrática e o livre mercado.
Conservadorismo e o paradoxo ambiental: onde está a conservação?
Um dos aspectos mais irônicos do conservadorismo atual é a desconexão com a conservação ambiental. Embora a palavra “conservador” sugira um vínculo com a preservação, muitos conservadores estão entre os mais céticos em relação à ciência climática e às políticas de sustentabilidade. Em vez de promover práticas de conservação do meio ambiente, frequentemente apoiam políticas que favorecem setores que impactam negativamente os recursos naturais e não priorizam a sustentabilidade. Para um olhar mais centrista, que valoriza o desenvolvimento sustentável, essa postura é um claro paradoxo.
A defesa de instituições realmente democráticas e pluralistas?
Outro ponto crítico no conservadorismo é a relação com instituições democráticas e pluralistas. Em vez de proteger a pluralidade de ideias que fortalece uma sociedade democrática, muitos conservadores acabam promovendo uma visão autoritária. Essa visão, ao invés de preservar um sistema inclusivo de pesos e contrapesos, busca consolidar um poder mais homogêneo e centralizado, o que enfraquece a democracia e o pluralismo. Quando conservadores defendem apenas o que se alinha com sua ideologia, acabam colocando em risco a verdadeira diversidade institucional.
Conservadorismo e religião: fé e política se misturam
A mistura entre religião e política é um pilar para muitos movimentos conservadores. Frequentemente, conservadores baseiam suas decisões políticas em valores religiosos específicos, o que cria tensões em uma sociedade plural e laica. Quando o Estado se posiciona de forma a privilegiar uma única fé, enfraquece a liberdade religiosa e o direito de todos a seguirem suas próprias crenças. Em vez de promover uma conservação das liberdades individuais, a postura conservadora muitas vezes impõe uma visão religiosa restritiva que vai contra o espírito plural da sociedade.
O conservadorismo econômico: protecionismo em vez de livre mercado?
Para quem defende uma economia de mercado aberta, baseada em princípios ortodoxos, a postura econômica de muitos conservadores pode parecer um retrocesso. Ao contrário da ideia de um livre mercado, muitos conservadores apoiam políticas protecionistas, limitando a competitividade e a inovação. Esse protecionismo, ao invés de fortalecer a economia, muitas vezes cria uma barreira para o desenvolvimento econômico. Em vez de promover o livre mercado, conservadores acabam priorizando setores que dependem do apoio estatal, gerando um mercado menos dinâmico e inclusivo.
Instituições extrativistas: conservadorismo no lado errado da história
Em muitos casos, o conservadorismo se alinha com a manutenção de instituições extrativistas, que favorecem a concentração de riqueza e poder nas mãos de poucos. Essas instituições, em vez de promoverem o desenvolvimento inclusivo e sustentável, acabam limitando oportunidades e excluindo parte da população. Para aqueles que buscam uma economia mais aberta e democrática, esse apoio conservador a estruturas extrativistas é contraproducente. Instituições extrativistas limitam o crescimento e a inovação, criando uma economia menos competitiva e mais desigual.
A resistência ao progresso social
O conservadorismo é frequentemente associado a uma resistência ao progresso social, especialmente em temas como direitos humanos, igualdade de gênero e justiça social. Em vez de apoiar transformações que refletem a diversidade da sociedade, o conservadorismo prefere manter uma visão idealizada do passado. Essa postura limita o desenvolvimento social e cria barreiras para a inclusão e justiça social. Quem busca uma sociedade mais justa e equitativa vê o conservadorismo como um obstáculo, não como um defensor de valores.
Conclusão: O conservadorismo está conservando o quê, afinal?
A crítica central ao conservadorismo moderno é a sua aparente contradição em relação ao conceito de conservação. Em vez de preservar o meio ambiente, a pluralidade democrática e o livre mercado, os conservadores modernos parecem mais interessados em proteger uma visão de mundo específica, que nem sempre dialoga com os desafios e necessidades atuais. Para quem acredita em um futuro baseado na sustentabilidade, no desenvolvimento inclusivo e em instituições pluralistas, o conservadorismo oferece poucas respostas e muitas contradições.
Esse conservadorismo está realmente “conservando” algo? Ou estaria apenas mantendo um status quo que beneficia um grupo limitado e resiste às mudanças essenciais para o futuro?