Pandemia x Economia: Desempenho de 50 países em 2020
Pandemia x Economia: Round 1, Fight!
Será mesmo que são duas faces da mesma moeda? Que se trata de uma escolha de Sofia? Nesse texto vamos torturar os números até que eles nos contem a verdade, ou pelo menos uma parte importante, dessa história.
Nesse texto apresento uma abordagem do desempenho de importantes economias mundiais em 2020 na luta contra a pandemia, considerando o binômio Pandemia-Economia.
Dados Pesquisados
Os dados utilizados nesse estudo foram:
- A quantidade de mortes decorrentes da COVID-19, para representar o aspecto “Pandemia”;
- A variação do PIB de 50 países, para representar o aspecto “Economia”.
Os dados são relacionados ao período de 01/01/2020 à 31/12/2020. A fonte de dados utilizada nesse estudo foi a Austin Rating, agência classificadora de Risco, e o site Our World in data, plataforma de dados internacionalmente reconhecida.
Ponderações
Primeiramente, ressalto que esse estudo aborda somente duas variáveis com a finalidade de fazer uma comparação entre diversos países do globo. Todavia, cada nação possui aspectos intrínsecos que colaboram ou prejudicam o seu desempenho.
De forma não exaustiva, cito alguns deles e seus possíveis efeitos. Essa lista é também uma reflexão das dificuldades inerentes de cada um dos chefes de estados.
Dependência do turismo
Países que dependem em maior grau do turismo, tendem a ter maior retração econômica. Exemplos: Filipinas, Tailândia, México, Hong Kong, Islândia e Croácia.
Velocidade de crescimento econômico pré-pandemia
Por outro lado, países que possuíam alta taxa de crescimento anteriores a pandemia, tendem a ter números econômicos absolutos melhores, o que não quer dizer que não tiveram desaceleração. Exemplos: Filipinas, China, Indonésia, Hungria, Índia, Estônia e Malásia.
Infraestrutura de saúde pré-existente
Do mesmo modo, países com sistemas de saúde avançados e com boa capacidade instalada também tiveram melhores condições para tratar os infectados, ocasionando uma taxa de mortes mais baixa. Logo, nesse aspecto, os países desenvolvidos tendem a levar vantagem.
Pirâmide Etária
Como contraponto ao tópico anterior, países com população mais jovem tendem a ter taxa de mortes mais baixa, visto que o vírus é mais letal em indivíduos mais idosos. Nesse sentido, os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos tendem a levar vantagem.
Pandemia x Economia: Resultados
Após o cruzamento dos dados, foi elaborado um gráfico de dispersão separado em 9 quadrantes. Esses quadrantes são as combinações entre 3 faixas relacionadas ao PIB (maior que -1,5%, entre -1,5% e -7,5% e menor que 7,5%) e outras 3 relacionadas ao número de mortes (menor que 500 mortes/milhão, entre 500 a 1.000 mortes/milhão e maior que 1.000 mortes/milhão). Segue o gráfico:
Poupar vidas não significa desempenho econômico abaixo da média
Embora seja notório que a pandemia como um todo prejudicou a economia de praticamente todos países do globo, esses dados demonstram que não significa dizer que países que conseguiram melhores resultados no campo da saúde tiveram os piores resultado econômicos.
Na verdade, foi observado justamente o contrário. Considerando os dados pesquisados, existe uma tendência de maior retração econômica onde existe maior número de mortes. Perceba que, com exceção da Lituânia, os 5 países que tiveram o melhor desempenho econômico (faixa verde vertical), todos eles tiveram menos de 300 mortes/milhão.
Por outro lado, com exceção das Filipinas e Tunísia, os 9 países com pior desempenho econômico, todos eles tiveram mais de 650 mortes/milhão, sendo que a maioria está na faixa de 1.000 mortes/milhão, ou seja, justamente os países que mais falharam ao salvar vidas.
Sendo assim, considerando os dados pesquisados, países que cuidaram melhor dos aspectos relacionados à pandemia, também tiveram melhores resultados econômicos.
Outros destaques dos resultados
A maioria dos países estão concentrados no quadrante de desempenho econômico intermediário e com bons resultados na luta contra a pandemia (faixa vertical amarela e retângulo horizontal verde).
O Brasil encontra-se no grupo daqueles que conseguiram alcançar desempenho econômico intermediário, mas sem tanta eficácia no campo da saúde, porém não desastroso. Importante notar que o recorte desse estudo considera somente o ano de 2020. Provavelmente, fecharemos o primeiro semestre de 2021 entre os países com o maior número de mortos/milhão de habitantes.
Por último, pode-se perceber que todos os países que tiveram resultados malsucedidos no campo da saúde, também tiveram desempenho econômico entre intermediário e ruim. Note que todos estes estão entre a porção central e o lado esquerdo do gráfico.
Tabela com o levantamento completo de todos os países
Para facilitar a visualização do gráfico, exclui o nome dos países menores que estavam muito próximos de outros maiores. O resultado completo é apresentado na tabela a seguir:
Países | Variação PIB – 2020 (%) | Mortes/milhão hab. |
---|---|---|
Taiwan | 3,1 | 0 |
China | 2 | 3 |
Turquia | 1,6 | 248 |
Noruega | -0,8 | 80 |
Lituânia | -0,9 | 660 |
Coréia do Sul | -1 | 18 |
Nigéria | -1,9 | 6 |
Indonésia | -2 | 81 |
Israel | -2,2 | 384 |
Polônia | -2,7 | 754 |
Finlândia | -2,8 | 101 |
Suíça | -2,9 | 883 |
Estônia | -3 | 173 |
Suécia | -3 | 864 |
Dinamarca | -3,4 | 224 |
EUA | -3,5 | 866 |
Letônia | -3,6 | 337 |
Holanda | -3,8 | 673 |
Romênia | -3,8 | 820 |
Bulgária | -3,8 | 1090 |
Brasil | -4,1 | 917 |
Arábia Saudita | -4,1 | 179 |
Ucrânia | -4,2 | 441 |
Japão | -4,8 | 26 |
Hungria | -4,8 | 987 |
Chipre | -5,1 | 136 |
Eslováquia | -5,2 | 392 |
Alemanha | -5,3 | 403 |
Canadá | -5,3 | 418 |
Cingapura | -5,4 | 5 |
Eslovenia | -5,5 | 1297 |
Rep. Techa | -5,6 | 1081 |
Malásia | -5,6 | 15 |
HK | -6,2 | 13 |
Tailândia | -6,2 | 1 |
Bélgica | -6,3 | 1685 |
Islândia | -6,6 | 85 |
Colômbia | -6,8 | 849 |
Índia | -6,8 | 108 |
Áustria | -7,4 | 691 |
Portugal | -7,6 | 677 |
Croácia | -8,1 | 955 |
França | -8,2 | 992 |
México | -8,3 | 976 |
Tunísia | -8,8 | 396 |
Itália | -8,8 | 1227 |
Filipinas | -9,3 | 84 |
UK | -9,9 | 1084 |
Espanha | -11 | 1087 |
Peru | -11,1 | 1143 |
Fonte: Autor