Produção de lixo no Brasil – Dados gerais
A produção de lixo no Brasil aumentou consideravelmente na última década. Em 2019 produzimos 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos. Essa quantidade é 20% maior que observado em 2010 (66 milhões de toneladas), segundo estudos da ABRELPE correspondentes ao ano de 2019.
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Geração per capita no Brasil
Naturalmente, o aumento da população nesse período causou parte deste aumento. Apesar disso, a geração per capita também cresceu. Em 2010 a geração média era de 348 kg/hab.ano, enquanto em 2019 foi de 379 kg/hab.ano, acréscimo de 9%.
Contudo, essa geração é bastante desigual no país. A região Sudeste é a maior geradora per capita (449 kg/hab.ano). Essa quantidade é 62% maior que no Sul do país (277 kg/hab.ano). O gráfico a seguir detalhe os dados por região.
Geração de lixo no mundo
Existe uma correlação diretamente proporcional entre o nível de renda e a geração de resíduos. Quando comparado com alguns pares de América Latina, como o México e Argentina, o Brasil possui uma produção de lixo per capita ligeiramente inferior.
Entretanto, muito ações ainda podem ser implantadas para reduzir a geração de resíduos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) define importantes diretrizes nesse sentido. A sua efetiva execução resulta em benefícios econômicos e ambientais.
Dessa forma, apesar dos países desenvolvidos gerarem mais resíduos, dada a correlação “renda x consumo”, estes costumam efetuar uma gestão mais adequada. Os gráficos a seguir apresentam a geração no mundo.
Composição do lixo no Brasil
O que vai para as nossas lixeiras? Praticamente metade de tudo que jogamos fora no Brasil (45%) são resíduos orgânicos. A outra metade é quase toda formada por plástico, papel e rejeitos. O gráfico a seguir detalha a composição média do lixo brasileiro.
Coleta dos resíduos
Assim como diversos aspectos em nosso país, a coleta também é desigual. Destacam-se as regiões Norte e Nordeste que deixam de coletar 2 a cada 10kg de resíduos gerados.
Além disso, a coleta seletiva é uma ação que necessita ainda muitos investimentos para cobrir maior quantidade de domicílios. Mais de um quarto dos municípios brasileiros não possuem nenhuma iniciativa de coleta seletiva. Apesar disso, isso não significa afirmar que a coleta seletiva seja plena nos outros três quartos, apesar de possuírem alguma iniciativa.
Disposição final dos resíduos
De toda produção de lixo no Brasil, 40% possui destinação inadequada. Ou seja, são lançadas 29 milhões de toneladas no meio ambiente de forma irregular.
O mais grave é que esse diagnóstico sofreu pouca alteração na última década. Em 2010, a destinação inadequada era de 44%, ou seja, melhoria muito tímida para um problema tão greve, de solução conhecida e tecnologia dominada. O gráfico a seguir detalha esse problema em cada uma das regiões brasileiras.
Emissões de gases
Os resíduos sólidos são responsáveis por cerca de 4% das emissões dos gases de efeitos estufa no país. Um dos principais gases emitidos pela matéria contida em aterros e lixões é o metano (CH4). Esse tipo de gás possui cerca de 21 vezes mais potencial de causar o efeito estufa que o dióxido de Carbono (CO2).
Todo ano são emitidos 96 milhões de toneladas de CO2eq em aterros e lixões no país. Estudos indicam que a implantação de sistemas de captura de biogás podem reduzir pelo menos um terço das emissões. Além disso, esses sistemas podem servir de plataforma para sistemas de geração de energia.
Recursos financeiros envolvidos
Considerando os serviços de limpeza urbana, coleta, tratamento e disposição final, esse mercado movimento anualmente R$ 25 bilhões. Esse número representa R$ 121/habitante a cada ano. Além disso, o setor gera aproximadamente 330 mil empregos diretos.
Do mesmo modo que nos indicadores anteriores, a distribuição dos recursos em resíduos sólidos no país também é desigual. A região que mais aplica recursos proporcionalmente ao número de habitantes é também a região mais rica do país (sudeste). O gráfico a seguir detalha as cifras por região.
Palavras Finais
O alcance do desenvolvimento social passa pelo manejo adequado de resíduos. A vida moderna não permite o alcance de geração zero de lixo, embora seja possível reduzir. Portanto, a gestão destes resíduos é primordial para a melhoria dos indicadores de desenvolvimento.
A lógica de “reduzir, reutilizar, reciclar […]” é muito válida para trilhar o caminho deste desenvolvimento. Se não geramos tantos resíduos como outras nações mais desenvolvidas, por outro lado ainda gerimos muito mal nossos resíduos. É inconcebível aumentar a produção de lixo no Brasil com o mesmo nível de gestão atual. O resultado seria catastrófico.
Se no passado a sociedade tolerou a disposição de resíduos em lixões, essa cultural não é mais aceita. Embora seja um problema quase que “invisível” no meio urbano, os efeitos da disposição inadequada de resíduos retornam para todos seres humanos por meio da água, ar, alimentos e outras fontes.